segunda-feira, 18 de maio de 2015

Gente feia



Tenho ido a muitos lugares ultimamente e reparado uma mudança de clima. Não sei se me faço entender, mas restaurantes bares e boates não são mais como antes: aconchegantes e intimistas. Parece haver uma popularização dos espaços, que, me desculpem, não é legal.
Há bem pouco tempo atrás não era preciso selecionar muito os espaços em que eu gostaria de ser visto e associado, um barzinho mais refinado ali, um bom restaurante acolá e as boates com nome e marca eram de fato coisa para poucos. Bons tempos!
Fonte da Imagem:
 http://novaslistas.com.br/atualidades/2990-proibido-acessar-essa-lista
De uns tempos pra cá, parece que a todo lugar que eu vou, sou obrigado a me desvencilhar de uma gente diferenciada, como dizem os Jardins de São Paulo, e que aqui no Rio preferimos chamar de gente feia: o que de fato é. Né?! Acho que todos concordam. Pois essa gente acha que só porque pode comprar isso ou aquilo de uma grife melhorzinha, já pode estar em todos os lugares. Foi-se o tempo em que Dolce&Gabbana, Givenchy, Channel e outras marcas eram produtos para gente sofisticada. Agora se você, como eu, quer ter algo realmente diferenciado, precisa suar muito para comprar algo realmente exclusivo, ou para ter acesso a festas mais privé, por assim dizer.
O fato é que, tenho observado meu custo de vida social se tornar absurdo, já que não sou obrigada a conviver com essa gente feia. Por isso a escolha tem sido: selecionar mais e sair menos, porque ninguém aguenta pagar muito mais por lazer do que se pagava, até porque qualquer um agora pode bancar um “camarote de dois mil reais” e dividir por dez pessoas. Em outros tempos, isso não era uma pechincha, mas atualmente não é nada! Deve ser isso a tal desvalorização da moeda, não é?!
Enfim, as pessoas não gostam de falar, mas eu não me importo! Todo mundo pode tudo agora! E gente como eu fica sem opção. Havia festas, festivais e destinos que eram exclusivos de determinados públicos e que agora não são mais. Eventos como a FLIP, em Paraty, que tem um público muito específico – ou pelo menos tinha – agora têm estado repleto de gente estranha. Gente que nunca sequer abriu um livro indo a uma festa literária! Faça-me um favor! Espero que não me vejam como a Senhora dos Absurdos, nem como a gentil professora da PUC que foi tripudiada por tecer um simples comentário... Mas que ela tem razão, ah, ponham a mão na consciência. Quem nunca pensou isso? Quem nunca olhou para o lado e se vexou de estar no mesmo espaço que aquela gente feia!
É como disse um político conservador, que realmente não me lembro quem é: “As coisas estão ficando muito populares”. E eu concordo, há ambientes que não são pra qualquer um. As pessoas deveriam saber bem qual é o lugar delas, ou ao menos saber que estão incomodando o espaço dos outros.

24 de setembro de 2014.

Uma crônica, GCA Florentino.


[texto com um bom bocado de ironia]

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