Diz a lenda que
as estrelas, muito loucas, não resistem aos 27. Janis, Kurt e Amy são algumas
das personalidades que não resistiram a essa idade maldita pelos astros. Mas
por quê? Até o momento não há explicação
plausível. Até o momento, porque tendo eu sobrevivido a eles, vou tentar
elucidar os fatos.
Bem, as experiências
podem parecer pessoais, mas talvez, muitos vinteessetões
tenham passado por algo parecido, e se fossem estrelas, regidas pela vaidade de
ser mais, de ser melhor, também não teriam resistido.
Aos 27 descobri
as dores. Sim elas apareceram! E com toda força! A coluna ruiu e não aguentou as
40 horas semanais passadas em cadeiras mal reguladas. Foi dor pra todo lado, e
não há nada mais desencorajador que as dores. E sendo a coluna a estrutura
central e crucial do corpo humano, às vezes dá pra pensar em desistir da vida;
pois se ela dá sinais de falência aos vinte e sete, o que será dessa estrutura
central aos 54?!
Fonte da Imagem:https://icommercepage.wordpress.com/2011/07/25 /celebridades-que-morreram-aos-vinte-e-sete-anos/ |
Mas o pior ainda
está por vir. Pode haver algo pior que os arroubos dolorosos de sua coluna? A
resposta é: sim! Porque dor chama dor; e nem sempre a dor companheira é física,
ela pode ser emocional, e esta meu bem, é insuportável. E palavras como dor e
insuportável dispostas num mesmo sintagma aos 27, não é legal, mas sim, pode
ser letal.
As dores
emocionais fazem parte da vida de toda pessoa, mas há fases em que elas podem
ficar convenientemente ocultas, contudo quando uma dor física aparece estas
outras despertam, infernizam mentes e influenciam as ações do corpo enfermo. Eis
a casa do perigo! Corpo débil, mente perturbada, vida violada!
Também aos vinte
e sete, descobri os óculos, sim a partir de agora está atestado que em
determinadas situações não posso mais ver claramente sem a ajuda das lentes. É estranho
pensar que nosso principal canal de comunicação com o mundo fora de nós mesmos já
apresenta defeitos; e isso traz medo. Medo de não ser capaz de poder ver as
coisas como elas são. E medo, aos vinte e sete parece tão covarde, que nos
esquecemos de que nada do que vemos é definitivamente real.
Parecer covarde
numa época em que a perfeição deve ser atingida antes dos trinta é frustrante;
pois os vinte sete nos aproximam da idade da pressão, e essa pressão vem aliada
aos defeitos recém-descobertos. Aí está outra receita de chá de ruína.
É! Sentir dor e
perder a capacidade de enxergar aos poucos torna as pessoas mais frágeis, e nem
sempre é possível lidar com tais atrofias, porque elas escancaram que nada em
nós é eterno: nem a voz, nem a beleza, nem a postura, nem a visão, tampouco o
vigor. E isso... Bem, isso me fez mais sólido: porque viver a par da realidade
é bem mais proveitoso. Alguns não resistem a isso, mas eu resisti! E tem sido
bom!!!
22 de maio de 2015.
G.C. A
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