quinta-feira, 14 de maio de 2015

Não é incondicional



Não aceito isso em você! Não gosto dessa, dessa, dessa e dessa sua atitude! Você devia ser mais assim! Você nunca faz o mínimo pra que as pessoas gostem de você! Suas palavras são sempre rudes, é incapaz de demonstrar algum sentimento...
Muita gente já ouviu essa enxurrada de conselhos e críticas! E não foi de pessoas estranhas ou neo-conhecidas; elas vêm assim, repetidamente, de pessoas muito próximas, daquelas a quem se deve louvar incondicionalmente.
A velha ideia de que família é família, não respeita à sabedoria do velho ditado “quem bate esquece, mas não quem apanha”. E por isso, muitas pessoas que se põem à margem dessas convenções sociais são taxadas de cruéis, rancorosas, desalmadas; mas ninguém se importa em saber que tipo de relação fora construída naquelas que deveriam ser incondicionais e atemporais.
Fonte da Imagem: Arquivo pessoal. Esta escultura pode ser vista
na Igreja N. Srª do Pilar, em Ouro Preto - MG
Nas casas em que aquele intenso parágrafo de elogios acontece, raramente há espaço para o diálogo, o entendimento e mesmo para o perdão, até porque pela hierarquia da tradicional família há o grupo dos sempre certos e o subgrupo dos sempre errados. Então não, não há como passar por cima dos ressentimentos e participar de todas as festas e celebrações alegre e ‘sorridentemente’.
É lugar comum falar que estereótipos excluem, agridem e oprimem, mas assim como ninguém manda o cristão colocar o fone pra ouvir louvor no ônibus, por medo de ser chamado de anticristo, ninguém ousa falar que sim: as famílias erram, as pessoas das famílias cometem erros contra seus familiares e sim, essas pessoas se dão o direito de não pedir perdão, de não se sentirem errados: é o velho clichê de errar tentando acertar, e de só querer o melhor.
Não por acaso, muitas pessoas preferem sumir, não aparecer ou mesmo trilhar um caminho a parte daquele que é regido pelas convenções.
O amor familiar – paterno, materno, fraternal... – incondicional existe, mas não é uma lei natural irreversível. A regra natural das relações, sejam elas quais forem, é uma só: o respeito, porque o amor não se desenvolve sem ele.


G.C.A, 13/05/2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário