segunda-feira, 15 de junho de 2015

Quando eu morrer...

Outro dia ouvi pessoas falando sobre como esperam que sua morte seja cuidada. Algumas diziam que a morte deve ser uma celebração: "não quero ver ninguém chorando, quero uma festa"; outras diziam que preferiam um enterro rápido, não desejavam ser veladas por muito tempo, para não prolongar o sofrimento dos que ficaram. Bem, a esse respeito, só uma coisa é certa, ninguém pode saber como sua morte será tratada; salvo aquelas pessoas muito organizadas que deixarão tudo encaminhado para que seu último desejo seja cumprido; mas mesmo assim, se as circunstâncias da morte fugirem ao natural e ao esperado, é certo que as vontades póstumas serão ignoradas.
Fonte da imagem:http://www.csaolucas.com.br/noticia_detalhe.php?id=653
Eu já pensei na minha morte, concordo com aquelas pessoas que afirmavam não querer um velório longo: também acho que é prolongar o sofrimento. Mas no dia em que ouvi as colocações daquelas pessoas, parei e pensei: a cerimônia fúnebre não deve ser sobre quem morre, mas sim sobre os que ficaram. Eles devem decidir sobre a melhor maneira de homenagear aquele ente que se foi.
Se você inspirou alegria aos seus e espera que seu memorial seja celebrado como uma festa, pouco importa, já que aqueles que cuidarão de suas exéquias poderão pensar que uma homenagem póstuma tradicional, formal e religiosa seja a melhor forma de respeitar o que você foi em vida. O mesmo é válido para o pensamento oposto: às vezes você foi alguém que pouco da vida aproveitou e por isso seus chegados optarão por fazer uma festa, que você nunca pôde viver, mas que eles gostariam de te dar de presente.
Quanto ao choro, é bobagem pedir que as pessoas evitem-no, porque o choro na morte é algo cultural. Se morrer, tem de chorar por aquele que vai; seja por saudade, por remorso, culpa, seja por tristeza, felicidade, pena, ou, por chorar.... como o contágio de bocejar, nos velórios se chora por ver os outros chorando também.
Esses pensamentos são válidos, partindo do princípio de que haverá quem organize, celebre e presencie sua morte, porque se você for uma pessoa só, tudo isso será suprimido com uma vaga solução mecânica da funerária responsável, houver uma.
Por tudo isso, parei de querer ter "memórias póstumas". Que decidam os meus sobre o que eles precisam fazer por mim nos momentos finais de minha estada sobre a terra.  Porque o que vale é pensar na vida, pensar em não ser um morto-vivo; pois só podemos decidir sobre como queremos viver!

G.C.A., 15 de junho de 2015

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