quarta-feira, 12 de abril de 2017

Você viu?

Há um tempo atrás, quando a Rússia (re)tomou a Criméia, vi num programa uma jovem local falando do que a população estava experimentando. De forma bastante equilibrada a moça expôs sua visão do momento e uma de suas colocações me chamou a atenção: "meus pais passam dia e noite em frente à TV, onde a todo momento há notícias e informações falando da Rússia, do Putin... Eles parecem zumbis, ficam hipnotizados com tantas informações..." 

Bem, não é novidade  pra ninguém as táticas de persuasão da mídia e também não é novidade que a TV ainda é o veículo de informação cujo acesso abrange a maior da população. O que me incomoda nisso tudo é que estamos vivendo no Brasil algo semelhante ao relatado pela jovem da Criméia e estamos fazendo de nosso país um 'The Walking Dead' tupiniquim.

Em todas as rodas de conversa ouve-se um 'você viu'. Você viu o Lula, a Dilma, o Cabral? Você viu no senado, no governo, no Estado? Você viu nas favelas, no Espírito Santo, na Síria"?... 

A todo tempo notícias apocalípticas caem sobre nossas cabeças como bombas de conhecimento e antídotos contra a alienação. E as pessoas só absorvem, se alimentam, têm sede desse estado contínuo de inanição. 

É obvio que nós não devemos ficar à parte do que está acontecendo no mundo, mas seria bom e saudável que nós nos permitíssemos nos alienar dessa zona de guerra implantada na TV. 
Não há mais discussões sobre filme, novelas, comida que não tendam  para o partidarismo... Sempre e a todo momento as pessoas estão fortemente armadas com seus argumentos e suas caras impressionadas. 

Grande parte dos expectadores que reproduzem para as relações sociais o estado de calamidade transmitido pela TV é composta por pessoas que têm acesso a outros meios de informação e entretenimento, mas o processo de lavagem cerebral tem sido tão bem feito, que estas pessoas, que podem mudar de programação, escolhem assistir ao espetáculo. 

Fonte da imagem: http://www.apropucsp.org.br/
jornalpucviva/movimentos-sociais
Tem sido muito estafante viver nesse constante estado de alerta, e como numa zona de guerra, parece ser impossível encontrar um abrigo seguro em meio a tanta devastação. Mas esse texto, vem dizer a vocês que é possível: mude de assunto, leia um livro 'água com açúcar' e converse sobre ele, fale sobre música pop e comidas gordurosas. Mostre que você é um alienado convicto e que seus canais favoritos são SBT , Discovery H&H, E!...

Se você não tem vontade, você não precisa participar desse círculo... E viva a de-boas-cracia! 


terça-feira, 20 de setembro de 2016

Essa nova política

O ano é eleitoral e o momento é eleitoreiro. Nunca antes tudo esteve tão propício à política, mais especificamente à nova política. Mas o que é isto?
Fonte da imagem: https://www.facebook.com/MariaNanquim/photos/
Tenho visto candidatos velhos e novos falando sobre uma nova política, um novo jeito de governar, legislar e de cuidar da coisa pública. Ao mesmo tempo observo os partidos, o ideal que eles representam, representaram e, ao que tudo indica, sempre representarão e não compreendo o que é esse tal  jeito novo.
Tudo o que percebo nessa gente cheia de gás e querendo fazer algo novo, por sua cidade e até pelo país é velho, se não for anacrônico.
Vejo candidatos ao legislativo prometendo serviços de competência do executivo; vejo gente nova, com ideias 'novas' apoiando e se amparando em candidatos da oligarquia local, o que obviamente representa a velha política; vejo gente nova reproduzindo velhos discursos sobre politicagem acreditando piamente estar falando de política; vejo gente extremamente despreparada e debochada dando à gestão pública a velha ideia de que não é algo sério; vejo gente fazendo a velha política de troca de favores e empregos; e, por fim, e não menos importante, vejo gente desocupada ansiando um primeiro emprego de dinheiro alto e fácil a partir da vida pública.
Na verdade eu vejo muito mais coisas a respeito desse período, mas fico desestimulada a votar por não ver nos candidatos do ano o que considero principal nesse meio: conhecimento, ou ao menos, a busca dele. Não falo de nível escolar, mas de conhecimento que se pode adquirir com a vida, com a leitura, com a observação do desenrolar da história...
A maioria das campanhas está baseada em memes de Facebook e falácias veiculadas na imprensa. A maioria dos aspirantes a prefeito e vereador demonstra claramente não entender de administração pública e por isso não é capaz de apresentar à população um projeto de governo que seja consistente, plausível e consequentemente atraente aos olhos do eleitor.
A consequência disso é o voto.  Por causa dessa forma velha de tratar o coisa pública, o voto dos eleitores será igualmente velho: eu voto porque... ah! Um voto sem convicção!
O velho discurso de que a hora de mudar é agora e de que política se faz nas urnas (para quem acredita na democracia) deveria, mais do que nunca, estar na nossa consciência de eleitor como um grilo falante. 
Não votemos no velho, nem nessa nova gente velha! Não votemos no emprego garantido, nem no apoio financeiro a determinadas instituições! Não votemos no voto que se compra! Não votemos no rouba, mas faz! Não votemos no vizinho que eu conheço, nem no palhaço que não vai ganhar! Não votemos no ficha suja (estão falando pouco desse assunto ultimamente)... Se for para não ser assim: não votemos.



segunda-feira, 18 de julho de 2016

Nota de falecimento

- Bom dia - diz o compadre!
- Bom dia, FULANO morreu, você sabia?
- Sabia não... Mas como assim, como foi????

Conversa torta essa, não? Mas é assim que funciona nas cidades pequenas. Todos querem ser os primeiros a dar a notícia de um novo defunto. Não há espaço para reminiscências nem reticências. O informe da morte deve ser instantâneo, para que mais ninguém o faça antes de si.
Fonte da Imagem:http://www.dicio.com.br/obituario/
Uma vez, conversando com um colega, discutíamos sobre a medievalidade das cidades pequenas. Elas são redutos do espírito de comunidade e unidade entre estranhos, mas ao mesmo tempo são ambientes cruéis. O anúncio da morte pode ser, para um aldeão, uma simples informação a se passar, mas, mais que isso, essa ânsia de ser o primeiro a comunicar o fato novo e o modo como isso é feito, é sim um ato de crueldade.
Antigamente, isso acontecia só de boca em boca, nas conversas de portão de manhã. Mais recentemente, as notas fúnebres vinham via ligação telefone e atualmente - podem acreditar - tudo vem via Whatsapp.
Já repreendi algumas pessoas próximas por causa desse hábito, mas não se pode interferir nos costumes das pessoas. Sim, noticiar uma morte é mesmo um costume das pessoas, Não por acaso nossos jornais estão úmidos de sangue diariamente e a coluna de obituário nunca caiu em degredo.
No entanto, penso que os adeptos dessa prática -de noticiar a morte de todo e qualquer cidadão - deveriam pensar se o ouvinte tem interesse em saber do fato. Eu, por exemplo, não gosto de saber da morte de pessoas simplesmente por saber. Penso que essa notícia deve ser algo particular aos entes queridos e próximos do finado. A morte - não sendo ela de interesse comum, tais quais aquelas que em si intrigam algum tipo de denúncia ou alerta social - deve ser experimentada de maneira discreta. É um direito da família que chora sua perda.


18 de julho de 2016.






segunda-feira, 7 de março de 2016

Educamos nossas meninas para a solidão

Tenho refletido há algum tempo sobre a educação que é dada às meninas.  Já de início peço que não generalizem as colocações que aqui serão feitas, em contrapartida peço que não ignorem que isto é algo muito comum.
Bem, já testemunhei de atos de agressão contra uma mulher jovem, bonita, que trabalha e é só isso que sei dela. Dirão vocês: “você não fez nada”. Não, eu não fiz, porque devo ter tido os mesmos medos que ela tem.
Sempre que coloco isso pras pessoas a primeira a ser julgada é a moça: “ela gosta”, “por que é que ela não larga ele”... Estas são só algumas das máximas que conhecemos a respeito de mulheres que apanham. Eu, do alto da minha inércia, já tento ver as coisas de uma forma mais profunda. Penso: que educação essa moça recebeu?
Comecei a pensar nisso quando assisti ao filme Lovelace, sobre a ex-atriz pornô Linda Lovelace, que fora aliciada pelo marido a entrar na indústria dos filmes adultos, além de sofrer outras agressões (físicas e psicológicas) do esposo. No filme, o que mais me marcou, foi quando a atriz procurou pela mãe e esta fez vista grossa, apenas disse a Linda que aquele era seu marido e que ela deveria voltar para casa. Por isso faço essa reflexão sobre como nossas meninas são educadas.
Penso que a moça que sei sofrer violência deve ter recebido o mesmo tipo de educação que a ex-atriz pornô. Considerando a época e as circunstâncias, é triste pensar que a forma como preparamos as meninas para a vida não mudou muito.
Muitas de nós podem dizer que fomos criadas para estudar e trabalhar, eu ao menos posso dizer isso. Mas sou olhada como um ser deficiente por não ter a tiracolo um homem a quem recorrer quando preciso de amparo. E é aí que está a questão: que mulher nunca se sentiu extremamente sozinha no mundo ao se deparar com situações difíceis. A família pode até te amparar, mas faz isso sempre pensando que, caso você estivesse sob a responsabilidade de um homem, aquela tarefa não seria mais dela (a família), ou quando o problema for o homem, sempre surgem questões sobre como você (mulher) não soube lidar com a situação. Quantas mulheres não se sentem obrigadas a se virarem sozinhas, porque aqueles que as criaram já passaram a bola da segurança delas. Se você é só (solteira), você está só, se você tem um companheiro, é só com ele que você pode contar e, se você não pode contar com ele, adivinhe: você está só novamente.
Penso então que é essa educação para a solidão que faz com que muitas mulheres permaneçam por muito tempo junto ao seu agressor. De nada importa que a mulher seja bonita, trabalhadora – a ponto de ser independente, e estudada se ela foi educada para se sentir só.
E pergunto: alguém quer ser só? Somos seres sociais, as pessoas com força bastante para seguir uma vida só – com seus próprios meios – são extremamente rebeldes, e mesmo elas às vezes jogam a toalha.
A solidão não está em estar sozinho, mas em sentir-se só. E ela é mais feroz quando se percebe que apesar de haver pessoas a sua volta, você não pode contar com elas, ou mesmo não deve se expor para elas. Isso é feroz para homens e para mulheres, mas no nosso caso, é isso que nos leva a continuar sendo agredidas, a deixar que se apossem de nossa dignidade e nos façam sentir menores e inferiores; é essa educação que diz que a mulher deve ceder, aceitar, permanecer e nunca se rebelar...
Fonte da imagem: http://drihsantos14.blogspot.com.br/2011/04/talvez-vou-viver.html
 Do contrário, o que levaria uma jovem da cidade, cheia de informação, com formação, boa família e bons amigos a aceitar ser agredida pisco e fisicamente pelo namorado? Por que as meninas precisam deixar transparecer que suas vidas seguem perfeitas e em paz, quando se sabe que a realidade não é essa? Ou mesmo, por que tantas mulheres voltam a viver sob o mesmo teto que seu agressor depois de tê-lo denunciado?
É preciso fazer mais por nós, por nossas meninas. É preciso alertá-las de que o ser humano é só, mas não precisa ser solitário; é preciso dizê-las que há vida segura e feliz sem que haja um homem a seu lado; é preciso assegurá-las de que não é direito do homem agredi-las de maneira nenhuma e que se isso ocorrer ela deve se rebelar, se levantar contra isso. É preciso que elas saibam que podem de fato contar com alguém, que podem contar para alguém e que uma mulher não deve ser pacífica senão em situação de paz.
É preciso educar bem nossas meninas, para que elas saibam dos seus direitos, de seu valor. É preciso que saibamos que não somos obrigadas a aceitar, mas destinadas a escolher, a determinar o rumo de nossa história e que para isso sempre haverá segurança, seja de pessoas próximas ou estranhas.

Angra dos Reis, 07 de março de 2016.
Uma reflexão adiantada para o dia internacional da Mulher.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Tratamento de índio

 Hoje vi um casal de índios almoçando num restaurante. O restaurante é caseiro, particularmente, adoro a comida de lá, embora o peixe de hoje estivesse mal temperado. Mas o que importa é que dois índios estavam lá almoçando.
A cena me tocou. Me tocou porque me incomoda ver outras cenas com índios e já reclamei disso para alguns. 
Em Angra como em Paraty, os índigenas vêm diariamente às ruas vender seu artesanato. As peças são lindas e faça chuva - e por aqui faz muita - ou faça sol, lá estão eles, majoritariamente elas, muitas vezes com uma cria agarrada ao peito, vendendo sua arte. Isso é bonito: vê-los, observá-los trabalhando e saber que eles são parte dessa terra, é mesmo lindo.
O que me causa incômodo é justamente o momento da refeição. No horário do almoço é comum ver indiozinhos e indiazinhas indo às portas de restaurante buscar sua quentinha, parece ser doação. Eles recebem sua comida na porta do estabelecimento e saem para comer sentados no chão. Geralmente é o papelão usado como base para pôr a quentinha que lhes serve de talher. Essa cena é muito triste. Parece que por aqui os índigenas são população de rua.
Uma vez eu disse "eles não são mendigos, são artesãos". Porque é forte demais vê-los tratados como sujeito indesejado pelas portas das comedorias a fora. 
   Fonte da Imagem: https://www.flickr.com/photos/francinetefroes
E é por isso que ver o casal de índios sentados à mesa, comendo sem pressa uma comida que claramente estava sendo servida a todos os outros clientes me tocou. 
Ao contrário do que nosso subconsciente aprendeu a pensar, índios são pessoas, não animais da terra. E tratá-los com a civilidade que aprendemos dos europeus não significa aculturá-los. 
A campanha pelo dia da consciência negra do governo diz que o lugar do negro é onde ele quiser, como negra, sei das dores da esclusão e da necessidade de se tratar da questão. Mas não podemos nos esquecer dos povos indígenas; aqueles que costumamos chamar de os donos da terra. 
Cuidar para que as conquistas sociais já alcançadas no país sejam também
consquistas para os povos indígenas é nosso dever de brasileiro. E isso pode começar com um ato de gentileza que é servi-los digninamente

Angra dos Reis, 18 de novembro de 2015.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Sobre a vida dos outros

Fonte da imagem:http://www.recantodasletras.com.br
/trovas/5205045
Olhando a vida dos outros, encontro soluções para tudo. Sei como reagir a cada situação adversa que encontrar no meu caminho, porque tenho uma tábua de exemplos e experiências dos outros para serem aplicados à minha realidade.

Ironias a parte, não se pode negar que é este o papel da literatura: contar uma história, através da qual seus leitores possam refletir sobre aquela realidade. A vida dos outros, embora descontextualizada para nós, acaba sendo um livro a ser refletido. Digo descontextualizado porque, por mais que entendamos e conheçamos a vida do outro, o contexto de vida dele é sempre mais subjetivo que objetivo; não é como os romances, em que os autores podem delimitar tempo, espaço e realidade histórico-social.

Bem, faço uso dessa contextualização toda para falar da vida dos outros que eu gosto de observar. Eu tento ser, por personalidade e por disciplina, diferente das pessoas que observo; não diferente das qualidades, mas diferente dos defeitos: carências, covardias, resignações...
Eu tenho as minhas – carências, covardias e resignações, mas travo uma batalha dia após dia, para não adquirir aquelas que vejo claramente nos outros.

Uma dessas muitas batalhas é travada para garantir que as pessoas me tratem, a mim – na minha frente ao menos – com respeito. É o mínimo que se pode esperar dos outros. Obviamente, que vocês pensarão: ‘é dando que se recebe’, sim! Isso é uma verdade! Mas nem sempre. Às vezes é com um pouquinho de ignorância que se conquista um pouco de respeito.
Comigo as pessoas devem ser, ao menos, gentis, cordiais, e se não forem aprenderão a ser. Ou relações serão cortadas: esse também é um jeito de conquistar respeito. É preciso ter ciência, convicção, de que respeito é um direito-dever. E não um privilégio de ricos, autoridades e homens. Esse último então...

Ah, meninas! Não deixem que os homens lhes ofereçam menos que respeito. É um direito-dever deles também. Eles merecem ter ,não porque são homens, mas porque são gente; mas  têm a obrigação de dar a quem quer que seja, e a nós, mulheres também. Os gurus do relacionamento dizem que numa relação a dois é preciso ceder um pouco, mas grande parte dessa cessão vem da mulher- é o que se verifica por aí. Isso é falta de respeito, uma relação a dois – seja amorosa ou não – deve ser baseada na igualdade, e se um cede demais, para o bem do outro, esse mesmo um está sendo desrespeitado.

Então, meninas do meu coração, não deixem que eles sejam desrespeitosos: exijam que eles apóiem seus sonhos, respeitem suas relações outras, respeitem sua inteligência e seu corpo. Nada corta mais o meu coração que ver amigas e conhecidas se diminuindo só para que seus homens se sintam mais confortáveis. Alguns dirão: ‘é uma escolha delas’. Mas que escolha é essa, em que eu não posso ser eu, não posso sonhar com o que quero ser, só porque o outro precisa se sentir melhor em relação a mim? Eu não acredito num mundo assim, se ele fosse bom, muitas mulheres não teriam se revoltado desde sempre.

E o que isso tem a ver com a vida dos outros... Bem, eu vi isso dias atrás, e vejo isso vez por outra acontecer com pessoas próximas, não me julguem: pois já fiz a minha parte, já conversei. Mas como dito, as razões pelas quais as pessoas escolhem permanecer nisso é sempre mais subjetiva que o contexto pode mostrar.

Angra dos Reis, 21 de julho de 2015.


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Festa da Padroeira

Fonte da imagem: facebook/santaisabelreformada
É chegada a hora de arrumar a casa, encontrar velhos amigos e reviver várias histórias. É tempo de festa, festa de Santa Isabel.

Todos os anos isabelenses e amantes do distrito esperam ansiosamente pelo mês de julho, que com ele traz a festa da padroeira. É um momento de celebração em família. Não só da família em que se nasce, mas também da família que reside, ou residiu, num lar que tem por nome Santa Isabel do Rio Preto.

As meninas vestem suas melhores roupas (de frio), os meninos preparam suas melhores aventuras, e os adultos... Ah os adultos! Estes redobram forças para lembrar suas melhores histórias de passado, para que possam compartilhar e rememorar com os conterrâneos dispersos em cidades da região e de todo o Brasil.

A festa da Padroeira, embora em tempo de inverno, traz consigo o calor do aconchego que se recebe ao chegar a casa, do abraço do amigo distante, dos novos causos que a vida traz e do doce calor dos reencontros.

Não é exagero pensar que um isabelense abre mão de qualquer programa por um final de semana da festa, pois para ele o mundo encontra-se ali, naquele belo lugarejo onde o passado está guardado e pleno de boas lembranças. Para muitos estrangeiros, Santa Isabel é só mais uma “cidadezinha qualquer” – de Drummond. Mas para um isabelense, Santa Isabel é a capital do mundo, lugar em que tudo se pode encontrar: preciosos ovos caipiras, doces delícias das avós e, claro, valiosas e inesquecíveis amizades de infância.

Então, se você estrangeiro não compreende a inquietação que toma o coração de seu colega isabelense nesses tempos de julho, tome a estrada e siga para o distrito de Santa Isabel do Rio Preto, no dia 13 de julho. Não se acanhe, será bem-vindo, pois só assim será capaz de experimentar e compreender a magia da Festa da Padroeira.

Texto de 2013